O Papel dos Neuro-oftalmologistas no Diagnóstico de Problemas de Processamento Visual

A visão não depende apenas da nitidez com que os olhos enxergam, mas também de como o cérebro interpreta essas imagens. Esse processo é chamado de Processamento Visual e pode apresentar falhas mesmo quando os exames de vista tradicionais não apontam nenhum erro refrativo.

É nesse cenário que o trabalho da neuro-oftalmologista se destaca. 

Ela é a profissional indicada para investigar alterações visuais que envolvem o sistema nervoso, incluindo dificuldades na leitura, escrita, foco, coordenação entre olhos e mãos, ou mesmo confusão entre letras e formas. 

Muitas vezes, esses sintomas são notados primeiro por pais, professores ou pelo próprio paciente, mas exigem uma avaliação especializada para serem compreendidos corretamente.

A seguir, entenda o papel da neuro-oftalmologia no diagnóstico e no tratamento de problemas de processamento visual!

Como o processamento visual influencia a vida cotidiana?

O “Processamento Visual” está diretamente ligado a tarefas simples do dia a dia, como ler um texto, reconhecer rostos, escrever corretamente e até se orientar no espaço. 

Quando há algum tipo de falha neste procedimento, a pessoa pode ter dificuldade para realizar essas atividades com fluidez, mesmo enxergando normalmente em um exame de acuidade visual.

Entre os sinais mais comuns que podem indicar um problema de processamento visual, estão:

• Trocas de letras e números durante a escrita.
• Leitura lenta ou leitura em voz alta com pausas e confusões.
• Dificuldade para copiar da lousa (em crianças e adolescentes).
• Erros frequentes em tarefas que envolvem organização visual.
• Cansaço visual após esforço intelectual.
• Falta de coordenação olho-mão para atividades simples.

Essas alterações podem afetar tanto crianças quanto adultos e não devem ser confundidas com preguiça, desatenção ou dificuldades cognitivas sem antes uma avaliação visual adequada.

Qual a importância da atuação da neuro-oftalmologia diante de problemas de processamento visual?

A neuro-oftalmologista realiza uma abordagem diferenciada, focada em como os olhos e o cérebro trabalham em conjunto. 

Essa investigação é essencial para diferenciar problemas de processamento visual de outras causas de dificuldade de aprendizado ou baixa performance visual.

Durante a consulta, a especialista avalia diversos aspectos que vão além da nitidez da visão, como:

• Movimentos oculares e rastreamento visual;
• Coordenação entre os dois olhos (fusão binocular);
• Capacidade de manter o foco em objetos estáticos e móveis;
• Resposta pupilar e reflexos visuais;
• Campo visual funcional e atenção visual.

Em minha prática, realizo essa avaliação especialmente em crianças e adolescentes com dificuldades escolares, mas também em adultos que percebem limitações visuais sem causa aparente nos exames tradicionais.

O que acontece após o diagnóstico?

Quando é identificado um problema de processamento visual, a neuro-oftalmologista orienta um plano de cuidado individualizado, que pode incluir:

• Reabilitação visual com exercícios específicos para fortalecer as habilidades afetadas;
• Adaptações no ambiente escolar ou profissional para facilitar a leitura e escrita;
• Encaminhamentos complementares, se necessário, para fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais ou psicopedagogos;
• Acompanhamento periódico para avaliação da evolução e ajustes na abordagem.

Esse cuidado interdisciplinar é essencial para promover avanços no desempenho funcional e na qualidade de vida do paciente.

A atuação da neuro-oftalmologista no diagnóstico de problemas de processamento visual é, portanto, um passo fundamental para enxergar “além dos olhos“ — e oferecer a cada paciente a chance de desenvolver todo o seu potencial visual e cognitivo.

Espero que o conteúdo tenha ajudado. Entre em contato para marcarmos sua consulta!

Dra. Medéia Coradini

Oftalmologista especialista em Neuro-oftalmologia, Cirurgias de Catarata com lentes de tecnologia avançada e Cirurgiã de Retina.

CRM: 161.100 | RQE: 100.683

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