Como o Exame de Processamento Visual Suporta o Diagnóstico de TDAH

Postado em: 19/05/2025

É muito comum que crianças e adolescentes que apresentam baixo rendimento escolar, dificuldade de concentração e desorganização visual sejam encaminhados para avaliação de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). No entanto, como neuro-oftalmologista, observo com frequência que parte desses sintomas está relacionada a alterações no Processamento Visual — e não exclusivamente a um transtorno de atenção.

Como o Exame de Processamento Visual Suporta o Diagnóstico de TDAH

Antes de um diagnóstico definitivo de TDAH, é importante descartar causas visuais que possam estar afetando a capacidade da criança de manter o foco, interpretar textos, seguir instruções visuais ou copiar corretamente da lousa. 

É nesse ponto que o exame de processamento visual se torna uma ferramenta essencial no suporte à investigação clínica. Continue sua leitura para saber mais sobre o assunto!

Entendendo o que é o processamento visual

OProcessamento Visual é a maneira como o cérebro interpreta e organiza as informações que os olhos captam. 

Ele vai além da acuidade visual, ou seja, não se trata apenas de enxergar nitidamente, mas de compreender o que se vê com eficiência.

Crianças com dificuldades nesse processo podem apresentar sinais muito semelhantes aos do TDAH, como:

  • Falta de atenção durante a leitura e escrita.
  • Dificuldade para acompanhar textos ou copiar da lousa.
  • Desorganização no caderno e nas tarefas escolares.
  • Trocas frequentes de letras, números e inversões.
  • Cansaço visual precoce e baixa resistência a atividades que exigem foco.

Esses sintomas muitas vezes são interpretados como desatenção ou hiperatividade, especialmente em ambientes escolares. 

No entanto, quando investigamos o funcionamento visual em detalhes, muitas vezes encontramos uma explicação que passa despercebida nos exames oftalmológicos convencionais.

O papel da neuro-oftalmologista na avaliação de crianças com suspeita de TDAH

Como neuro-oftalmologista, realizo uma investigação cuidadosa com foco em como os olhos e o cérebro trabalham juntos. 

A avaliação de processamento visual é composta por uma série de testes que analisam aspectos como:

  • Coordenação ocular (os dois olhos se movendo de forma sincronizada).
  • Rastreamento visual (capacidade de seguir palavras e linhas com fluidez).
  • Fusão binocular (capacidade de formar uma imagem única com os dois olhos).
  • Percepção visual e memória visual.
  • Tempo de resposta e resistência visual frente a estímulos contínuos.

Essas informações permitem identificar se há alguma limitação visual interferindo na aprendizagem e no comportamento. 

Muitas vezes, ao corrigirmos essas alterações com estratégias específicas, há uma melhora significativa no desempenho escolar e na organização da criança — mesmo sem medicação.

Quando o exame de processamento visual complementa o diagnóstico de TDAH

Em alguns casos, o exame de processamento visual não exclui o diagnóstico de TDAH, mas fornece informações que complementam o entendimento sobre o perfil da criança. 

Crianças que realmente apresentam o transtorno podem ter, ao mesmo tempo, uma alteração visual que potencializa os sintomas.

Com esses dados, a equipe multidisciplinar (neuropediatra, psicopedagogo, fonoaudiólogo, entre outros) pode conduzir o plano terapêutico de forma mais eficiente, ajustando os estímulos, estratégias pedagógicas e, quando necessário, tratamentos médicos.

O exame de processamento visual, portanto, é um complemento importante no diagnóstico de TDAH, às vezes ajudando a descartar as suspeitas dessa condição e, às vezes, mostrando que a criança pode ter demandas visuais para além desse transtorno. Ele oferece respostas sobre como a criança está percebendo o mundo à sua volta e se há algum obstáculo visual interferindo na sua atenção, comportamento ou aprendizado.

Agende uma consulta para o seu pequeno! Vamos entender se ele tem alguma demanda relacionada ao processamento visual e qual o melhor cuidado para o seu caso.

Dra. Medéia Coradini

Oftalmologista especialista em Neuro-oftalmologia, Cirurgias de Catarata com lentes de tecnologia avançada e Cirurgiã de Retina.

CRM: 161.100 | RQE: 100.683

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