Entendendo as Causas de Complicações Visuais em Diferentes Condições

Postado em: 09/06/2025

A visão é um processo delicado que envolve não apenas os olhos, mas também o cérebro e todo o trajeto nervoso que conecta essas estruturas. Quando esse sistema é afetado por uma condição neurológica, Complicações Visuais podem surgir como parte dos primeiros sintomas ou evoluir ao longo do tempo.

Entendendo as Causas de Complicações Visuais em Diferentes Condições

Conhecer essas possíveis complicações é importante para buscar ajuda especializada de forma precoce e preservar a qualidade da visão do paciente.

A seguir, conheça algumas das principais complicações visuais que podem ocorrer em condições neurológicas!

Como as doenças desmielinizantes podem afetar a visão?

Doenças desmielinizantes são aquelas que causam a perda da mielina, uma camada protetora que reveste as fibras nervosas. 

A mielina é fundamental para garantir a condução rápida e eficiente dos impulsos nervosos. Quando essa camada é danificada, a comunicação entre o olho e o cérebro pode se tornar lenta, distorcida ou até interrompida.

Entre as principais “Complicações Visuais“ causadas por doenças desmielinizantes, destacam-se:

  • Neurite óptica: inflamação do nervo óptico, que pode levar a visão turva, dor ocular ao movimentar os olhos e perda temporária ou parcial da visão.
  • Diplopia (visão dupla): alteração nos músculos ou nos nervos responsáveis pela movimentação ocular, dificultando a fusão das imagens captadas por cada olho.
  • Nistagmo: movimentos involuntários e rápidos dos olhos, dificultando a fixação do olhar em um ponto específico.
  • Alterações no campo visual: perda de partes do campo de visão, como áreas escuras ou “pontos cegos” perceptíveis durante a leitura ou a observação do ambiente.

Essas complicações podem surgir isoladamente ou em conjunto, variando conforme a extensão e o local da lesão neurológica.

A esclerose múltipla é uma das doenças desmielinizantes mais conhecidas e frequentemente apresenta manifestações oculares como sintomas iniciais. Aproximadamente 20% dos pacientes têm a neurite óptica como primeiro sinal da doença.

Os sintomas visuais associados à esclerose múltipla podem incluir:

  • Visão embaçada ou lavada, especialmente em um dos olhos;
  • Dor ocular, geralmente pior ao movimentar os olhos;
  • Alteração na percepção de cores, com desbotamento do vermelho ou do verde;
  • Sensação de “sombra” ou perda de visão central em casos mais graves.

Como um acidente vascular cerebral (AVC) pode causar complicações visuais?

O AVC é uma das causas mais comuns de perda visual súbita

Dependendo da área afetada, a condição pode comprometer o nervo óptico, o córtex visual ou as vias ópticas, podendo resultar em: 

  • Hemianopsia: perda de campo visual;
  • Diplopia: visão dupla;
  • Agnosia visual: dificuldade para reconhecer objetos.

Como a neuropatia óptica isquêmica anterior (NOIA) pode afetar a visão?

A NOIA é uma condição causada por interrupção do fluxo sanguíneo no nervo óptico, geralmente em idosos. Ela pode gerar efeitos como:

  • Perda súbita e indolor da visão em um dos olhos;
  • Redução acentuada da acuidade visual;
  • Defeito no campo visual, especialmente escotomas altitudinais (superior ou inferior);
  • Palidez ou edema do disco óptico na fundoscopia;
  • Dificuldade para leitura ou reconhecimento de rostos;
  • Possível progressão para o outro olho (forma bilateral).

Há um maior risco em pacientes com hipertensão, diabetes ou apneia do sono, por exemplo.

Como tumores cerebrais podem causar complicações visuais?

Lesões em áreas como o quiasma óptico ou o lobo occipital podem causar complicações visuais. 

Gliomas e meningiomas são exemplos de tumores que frequentemente geram sintomas como:

  • Perda progressiva da visão, geralmente em apenas um olho inicialmente;
  • Redução do campo visual, especialmente nas porções temporais (hemianopsia bitemporal);
  • Visão turva ou embaçada persistente;
  • Atrofia do nervo óptico visível ao exame oftalmológico;
  • Dificuldade para focar ou perceber detalhes;
  • Possível diplopia se estruturas motoras oculares forem afetadas;
  • Dores de cabeça associadas à pressão intracraniana.

Vale destacar que o comprometimento visual pode ser o primeiro sintoma detectável desses tumores.

Qual a importância da avaliação neuro-oftalmológica nesses casos?

Quando há suspeita ou diagnóstico de uma condição neurológica que pode estar causando complicações visuais, o acompanhamento com a neuro-oftalmologista permite monitorar a saúde e identificar alterações de forma precoce.

Durante a consulta, a avaliação inclui, por exemplo:

  • Exame de fundo de olho para verificar sinais de inflamação ou atrofia do nervo óptico;
  • Testes de campo visualpara detectar perdas específicas;
  • Análise de movimentos oculares para investigar disfunções motoras associadas;
  • Exames complementares, como a tomografia de coerência óptica (OCT), que mede a espessura das fibras nervosas da retina.

Esse acompanhamento é essencial para proteger a visão e, muitas vezes, para auxiliar o neurologista na definição do diagnóstico e no ajuste do tratamento da condição de base.

É possível gerenciar complicações visuais causadas por condições neurológicas, mas o acompanhamento próximo com uma profissional qualificada é indispensável para garantir os melhores cuidados.

Convido você a agendar uma consulta para conversarmos. Vamos entender as melhores formas de cuidar da sua saúde visual!

Dra. Medéia Coradini

Oftalmologista especialista em Neuro-oftalmologia, Cirurgias de Catarata com lentes de tecnologia avançada e Cirurgiã de Retina.

CRM: 161.100 | RQE: 100.683

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