O Impacto de Doenças Neurológicas na visão
Postado em: 09/09/2024
As Doenças Neurológicas não afetam apenas o cérebro e o sistema nervoso central; elas também podem ter impactos significativos na visão.
A conexão entre o cérebro e os olhos é complexa e intrínseca, o que significa que qualquer desordem neurológica pode interferir na capacidade visual de várias maneiras.
Neste artigo, vou explicar como condições neurológicas comuns, como esclerose múltipla, doença de Alzheimer e doença de Parkinson, podem afetar a visão. Continue a leitura para saber mais!
Doenças neurológicas que podem impactar a visão
Esclerose Múltipla e visão
A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica que afeta o sistema nervoso central, interrompendo a comunicação entre o cérebro e outras partes do corpo.
Um dos sintomas mais comuns da EM é a neurite óptica, uma inflamação do nervo óptico que pode causar dor, perda da visão ou discromatopsia (alteração na percepção das cores)
Os pacientes podem experimentar um embaçamento visual ou uma perda de visão temporária, frequentemente em apenas um olho.
Além disso, a EM pode causar problemas de movimento ocular, resultando em visão dupla, uma condição conhecida como diplopia.
Doença de Alzheimer e saúde da visão
Embora a doença de Alzheimer seja primariamente reconhecida por seus impactos na memória e funções cognitivas, ela também pode afetar a visão.
Alterações nos olhos, especialmente na retina, podem refletir as mudanças no cérebro causadas pelo Alzheimer.
Pacientes podem apresentar redução na percepção de cores e no contraste, dificuldade em reconhecer rostos e até problemas com a percepção espacial, o que aumenta o risco de quedas.
Estudos recentes sugerem que exames de imagem da retina podem, no futuro, ajudar a diagnosticar a doença de Alzheimer antes que os sintomas cognitivos se tornem aparentes.
Doença de Parkinson e Visão
A doença de Parkinson, conhecida por seus sintomas motores característicos, como tremores e rigidez, também faz parte desta lista.
Pacientes com Parkinson frequentemente relatam dificuldades com a acuidade visual e a sensibilidade ao contraste.
Eles podem ter problemas para piscar, o que pode resultar em síndrome do olho seco e desconforto ocular. Além disso, a bradicinesia, ou a lentidão dos movimentos, pode afetar os músculos que controlam os movimentos dos olhos, levando a dificuldades em rastrear objetos em movimento ou em mudar rapidamente o foco de um ponto a outro.
O tratamento das doenças neurológicas e seu impacto na visão
O reconhecimento da relação entre doenças neurológicas e suas implicações na visão é fundamental para o desenvolvimento de tratamentos eficazes e direcionados.
Essa conscientização permite aos profissionais adotar estratégias terapêuticas que não apenas tratam os sintomas neurológicos, mas também abordam as complicações visuais que podem surgir como consequência dessas condições.
Esclerose Múltipla
No caso da esclerose múltipla, o tratamento frequentemente envolve terapias que modulam a resposta imunológica.
Estas são projetadas para diminuir a atividade autoimune que caracteriza a doença, o que pode reduzir significativamente a frequência e a gravidade dos episódios de neurite óptica.
Adicionalmente, medicamentos específicos para reduzir a inflamação do nervo óptico podem ser prescritos para ajudar a preservar a visão.
Doença de Alzheimer
Para pacientes com doença de Alzheimer, onde as alterações visuais podem afetar profundamente a capacidade de interação com o ambiente, são recomendadas terapias visuais e ajustes ambientais.
A inclusão de mais contraste nos objetos do dia a dia e o uso de etiquetas grandes e legíveis podem ajudar esses pacientes a navegar melhor no seu cotidiano.
Adicionalmente, terapias que envolvem estímulos visuais podem ser utilizadas para retardar a progressão dos sintomas visuais.
Doença de Parkinson
Na doença de Parkinson, o manejo das complicações oculares inclui o uso de lubrificantes oculares para combater a síndrome do olho seco, um problema comum devido à reduzida frequência de piscar observada nesses pacientes.
Terapias que incentivam o piscar mais frequente também podem ser implementadas, juntamente com exercícios específicos para fortalecer os músculos ao redor dos olhos, melhorando o controle motor fino e ajudando a manter a saúde ocular.
A importância do trabalho do neuroftalmologista
Além dessas abordagens e do acompanhamento com um neurologista, é importante que os tratamentos sejam acompanhados por um neuroftalmologista: o médico especialista especificamente em condições visuais relacionadas ao sistema nervoso.
Ele pode diagnosticar e tratar com mais assertividade os impactos dessas doenças na visão, utilizando conhecimentos e técnicas altamente qualificados.
O cuidado, assim, se torna bem mais preciso e os pacientes podem ter resultados ainda mais favoráveis.
As abordagens que podem ser indicadas no tratamento neuroftalmológico variam desde medicamentos até terapias para a visão e cirurgias. A escolha deve levar em conta particularidades do paciente e da doença neurológica.
Em resumo, entender os impactos de doenças neurológicas na visão é essencial para desenvolver estratégias que abordem todos os aspectos do quadro do paciente. Um neuroftalmologista faz toda a diferença nesse cenário, tornando o tratamento mais assertivo e completo.
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Dra. Medéia Coradini
Oftalmologista especialista em Neuroftalmologia, Cirurgias de Catarata com lentes de tecnologia avançada e Cirurgiã de Retina.
CRM: 161.100 | RQE: 100.683
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